Introdução à Engenharia aula 9 - Empreendedorismo



Introdução à Engenharia - Aula 9 - Empreendedorismo na Engenharia 
Aula da disciplina Introdução à Engenharia do curso de Engenharia da Universidade Virtual do Estado de São Paulo - Turma 2014.
Professor responsável pela disciplina: José Roberto Cardoso
Professor ministrante: José Antonio Lerosa de Siqueira




Steve Jobs o arquétipo dos empreendedores:


Na mais recente aula da Univesp sobre empreendedorismo, disponível no Youtube com o título "Introdução à Engenharia - Aula 9 - Empreendedorismo na Engenharia"   pude constatar o que é um empreendedor, sua essência e sua alma e nesse pequeno texto quero mostrar o que aprendi baseado nos ensinamentos de Murray N. Rothbard, filósofo libertário de destaque e da vida do admirável e com Steve Jobs, fundador da Apple, Pixar e NeXT.

Antes mesmo de assistir a aula, conferi uma entrevista dada na década de 90 por um dos maiores empreendedores de todos os tempos, Steve Jobs. Vendo a aula, percebi que o modelo de Steve Jobs se encaixa perfeitamente na métrica do empreendedor perfeito, e quero fazer uma comparação entre a vida de Steve, da qual tenho conhecimento devido as diversas biografias, entrevistas e publicações que li sobre ele.

Murray Rothbard no seu livro "A ética da liberdade" nos induz a um exemplo simples e que cabe bem na primeira definição de empreendedorismo, diria que é o cerne de todo empreendedor, os riscos. Retiro o trecho diretamente do livro:


"Para completar nosso quadro de uma economia de mercado, suponhamos que João cortou sua madeira, mas tem que transportá-la rio abaixo para transferi-la a José; João, então, vende a madeira para outro intermediário, Pedro, que contrata os serviços de X, Y e Z para transportarem as toras para José.  O que foi que aconteceu, e porque o uso do trabalho de X, Y e Z de transformar e transportar as toras para um local mais aproveitável não concedeu a eles os direitos de propriedade das toras?
O que aconteceu é o seguinte: Pedro transferiu um pouco de ouro para X, para Y e para Z, em troca de eles lhe venderem seus serviços de mão de obra de transportar as toras.  Pedro não vendeu as toras para estes homens em troca de dinheiro; ao invés disso, ele lhes "vendeu" dinheiro em troca do uso dos serviços de mão de obra deles com suas toras.  Resumindo, Pedro pode ter comprado as toras de João por 40 onças de ouro, e então pagado 20 onças de ouro a X, Y e Z separadamente para que transportassem as toras, e então vendeu as toras para José por 110 onças de ouro.  Consequentemente, Pedro obteve um lucro líquido de 10 onças de ouro na transação toda.  Se X, Y e Z assim tivessem desejado, eles mesmos poderiam ter comprado as toras de João por 40 onças, e então eles mesmos transportado as toras, vendendo então para João por 110 e embolsando as 10 onças extras.  Por que não fizeram isso? (....) (c) estavam receosos de ficarem endividados com o risco de que as toras pudessem de fato não serem vendidas a 110 onças. "

O empreendedor é um analista de riscos, quando Steve Jobs iniciou a venda do Apple I ele precisou mensurar os riscos e comprar as peças de seus fornecedores, equilibrando a quantidade de peças aos custos que o cliente iria aceitar. A mensuração de riscos é tão importante que o próprio fundador da Apple, ao perceber que uma de suas fábrica de Macintosh trabalhava com dedução de valores (por não saberem o custo de cada aparelho exatamente) modificou a estrutura da gestão de processos da empresas para calcular exatamente o custo de cada aparelho e o risco de dar ou não prejuízo.

Outro ponto de extrema importância e muitas vezes negligenciado pela mídia e pelo público comum são os objetivos do empreendedor. Há uma visão errada, na qual se pensa que o empreendedor deve ter obrigatoriamente como meta principal o ganho de poder e dinheiro, isso desvirtua muitas vezes bons projetos de longo prazo. 

Segundo Rothbard no livro "A Ética da Liberdade", o dinheiro é apenas um meio de troca universal de valores de trabalho, ou seja, o dinheiro em si não vale nada, o que vale é a produção de valor agregado feita pelo homem. Quer exemplo que comprove o valor quase nulo do dinheiro em si, se o governo quiser aumentar a quantidade de dinheiro no mercado ele pode simplesmente mandar imprimir trilhões de notas, o que vai acontecer? Se não houver aumento na produtividade no mesmo ritmo da impressão, o valor da moeda vai cair. Portanto a moeda só serve para facilitar a troca de um trabalho pelo outro, pense em um sistema arcaico de comércio, como poderia eu trocar minha um galinha por um peixe, e se o vendedor de peixe não quisesse o meu produto, como eu ficaria? Por isso há a moeda.

Convergindo para a ideia de que o valor está na agregação e não no dinheiro é necessário conhecermos como podemos agregar valor a algo. Para isso precisamos de conhecimento, habilidade e atitude. No Caso de Jobs, o conhecimento de eletrônica não lhe era suficiente para montar o Apple I, por isso seu amigo Steve Wozniak ajudou a montar. Wozniak tinha o conhecimento e habilidade para montar, porém não tinha o conhecimento, habilidade e atitude para a venda, já Jobs tinha ambos (lembra do conceito de team build visto em uma aula anterior? Aqui novamente).

O conhecimento é um ponto fundamental, conhecer muitas áreas foi um fator determinante para o sucesso de Jobs e da Apple. Ele abandonou a faculdade e começou a cursar apenas as matérias que lhe eram agradáveis, por exemplo tipografia, dando a habilidade futura de criar belas letras e gráficos nos computadores. Ou seja, além do conhecimento técnico é também necessário falar outras línguas.

Tendo completado esse ciclo, Jobs percebeu que ele era útil para milhões de pessoas, na casa dos 20 anos ele já era um milionário extremamente influente, o dinheiro veio da agregação de valor e da ideia de ser útil para milhões de pessoas, que tinham vontade de ter um computador, porém não tinham conhecimentos para construir um. Essa foi a grande sacada do Apple I, um computador pessoal já montado, bastava plugar na tomada e pronto.

Entretanto mesmo após seu grande sucesso, ele foi despedido da própria empresa que criou. Apesar das dificuldades ele criou Pixar e a NeXT. Ambas empresas bem sucedidas. A Pixar hoje vale bilhões e a NeXT foi incorporada pela Apple. Demonstrando um outra característica importante do arquétipo empreendedor, a resiliência (capacidade de superar obstáculos).

Durante toda a vida do nosso aclamado Jobs ele demonstrou todas as qualidades de um empreendedor, não é atoa que ele é admirado por milhões de empresários de todo o mundo. Ele é o arquétipo de empreendedor a ser seguido no século XXI, devido à capacidade em planejar, executar o projeto, agregar valor, construir equipes, calcular riscos, e sobre tudo entender o valor dessas qualidades.


Alguns links e dicas:

Sempre gosto de deixar para o leitor de todos os blogs que mantenho algum link ou dica, nesse não farei diferente.

- Entrevista com Steve Jobs, com uma hora de duração, há muitas lições de empreendedorismo: http://youtu.be/T-k-jgyHHnc

- O livro " A ética da liberdade" de Rothbard em pdf, epube( Kobo, Ipad), MOBi (para kindle): http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=12

As bases centrais da minha argumentação encontram-se no livro e na entrevista, se quiserem expandir seus conhecimento fiquem à vontade, não se esqueçam de mandar um e-mail ou comentar, fazendo alguma sugestão, correção, agradecimentos....

Até a próxima.

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