Uma língua brasileira?
Teríamos um português diferente o suficiente daquele trazido pelos portugueses a ponto de podermos afirmar que temos um novo idioma, talvez chamado de brasileiro e não mais de português? E o que há por trás da intenção de modificar a denominação da língua falada?
Para suportar uma tese dessas pela simples diferenciação cultural generalizada de um povo com base no território geográfico de um país, seria necessário descartar as diferenças regionais linguísticas quase tão distintas no nosso território quanto àquela de Portugal para com o restante da comunidade lusófona.
Não vejo na sociedade brasileira uma massa homogenia suficiente para podermos declarar que temos uma língua própria como um país, até porque o Brasil único só existe nas linhas geográficas traçadas pela história. Empiricamente pude comprovar isso diversas vezes pelas minhas andanças no território nacional.
Não há lógica em querer diferençar tanto o português do brasil a ponto de transformá-lo em "brasileiro", pois se formos seguir a mesma lógica pelas diferenças culturais com base em territórios demarcados, começaríamos a criar uma centena de dialetos como se fossem idiomas, não temos uma cultura nacional homogenia para fazer isso e as diferenças entre o idioma "brasileiro" do sul e o do nordeste seriam tão gritantes quanto a do português dito de Portugal.
Para escrever esse texto referente à aula 5 de Leitura e Produção de Texto, pesquisei também o processo de diferenciação nas colônias inglesas, e de fato há o reconhecimento da diferenciação entre os idiomas reconhecidamente, mas não ao ponto de transformar o inglês usado nos Estados Unidos da América em algo como língua norte-americana, para eles seria até mais fácil baseado no que foi descrito na aula como base para diferenciação (uma cultura própria demarcada pelas linhas geográficas), pois é sabido que há um sentimento de pátria e união maior, mas mesmo assim eles costumam apenas diferenciar as regionalidades.
Além da discussão sobre a denominação do idioma, outro fator que me chamou atenção foi o do sentimento nacionalista impregnado no discurso, talvez até distorcendo a própria realidade e destruindo a lógica do argumento. Não vemos uma união nacional a não ser em uma festa anual e outra quadrianual (carnaval e copa) e se há comoção de massas não é pelo sentimento de união é pelo simples fato de sermos humanos.
Como libertário não vejo o Brasil como uma nação, não vejo pontos culturais fortes o suficiente e muito menos a necessidade deles, o conceito de nação parece ainda se sobrepor ao de avanço em conjunto como seres humanos, divididos em grupos diversos.
O único motivo pelo qual vejo que seria possível denominar o português praticado genericamente no Brasil em brasileiro seria apenas por um apelo nacionalista, não existente nesse país.
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